terça-feira, 31 de agosto de 2010

PANDY NÃO QUER “PAPÁ”







domingo, 29 de agosto de 2010

O HOMEM SEM SORTE




Certa vez, um homem que não tinha sorte nenhuma na vida, resolveu sair pelo mundo a procura do Senhor Deus Criador para saber o porquê de tamanha falta de sorte.

Assim ele se foi e essa era a primeira vez que o Homem Sem Sorte deixava sua casa para procurar alguma coisa e ele não fazia ideia de onde encontrar o Senhor Deus Criador.

Depois de um ano e um dia de caminhada, ele ouviu um grito assustador, aterrador mesmo, que parecia sair das próprias entranhas da terra. O Homem Sem Sorte foi ver o que era.

Acabou encontrando um lobo preso em um buraco.

O pobre lobo estava encostado na parede do buraco, se esforçando para manter-se de pé e gemia de tanto sofrimento, então o homem perguntou:

- Má o qué qui o sinhô lobo ta fazeno aí, gritano dessa manera, sô?

- Ai! Eu não sei não moço. Tem uns dez dias que eu comecei a ficar fraco, fraco... Agora, mal consigo me levantar do chão... Será que o moço não poderia me ajudar a me levantar e...

- Ara! Numa posso não sinhô lobo. Cuntece qui to prucurano pelo Sinhô Deus Criado, pra mor de ele mim dizê o pru quê de eu nunca tê tido sorte na vida, a mor di qui eu num tenho tempo de Pará pra ajudá o sinhô.

- Então está bem moço, mas já que o senhor vai encontrar com o Senhor Deus Criador, o senhor poderia perguntar a ele por que é que estou assim tão fraco?

- Mas craro sinhô lobo! Pode dexá cumigo.

E seguiu em sua procura.

Fazendo um ano e dez dias o Homem Sem Sorte procurava pelo Senhor Deus Criador, ele ouviu outro grito tão assustador ou mais, que o grito do lobo e correu para ver o que era.

Chegando a beira do rio, ele encontrou uma árvore desfolhada, seca, toda torta e quase caindo dentro do rio. A pobre árvore gritava em desespero e quando viu o homem, implorou por ajuda:

- Moço, moço! Me ajuda moço.

- Má o qué qui tá acunteceno dona árvre?

O HOMEM SEM SORTE


- Ai moço! Já faz muito tempo que estou sentindo um calor em minhas raízes. Mas um calor tão forte, mas tão forte que este me matando seu moço. Será que o senhor poderia me ajudar?

- Ara! Má num posso não dona árvre. Cuntece que tenho di incontrá o Sinhô Deus Criado, pra mor de sabê dele o pruquê di eu num tê sorte na vida i num posso Pará cum a minh procura, sô!

- Está bem, moço. Mas já que o senhor vai ter com o Senhor Deus Criador, poderia perguntar a ele o porquê de eu estar sentindo esse tamanho calor em minhas raízes?

- Má é craro dona árvre...

E ele seguiu em sua busca.

Fazendo um ano e vinte dias que o Homem Sem Sorte procurava por Senhor Deus Criador, encontrou entre lindos jardins, uma casa muito bonita, toda adornada em ouro e pensou:

- Ára, má qui casa bunita,sô! Uma casa Bunita anssim, só pode sê a cãs do Sinhô Deus Criado.

Decidido, certo de que havia encontrado a morada do Senhor Deus Criador, o homem bateu na porta.

Logo ouviu a fechadura e em seguida a porta se abriu.

À porta, o Homem Sem Sorte viu a mulher mais bonita de todo o mundo:

- Pois não, senhor?

- Ara! Mais aqui num é a morada do Sinhô Deus Criado?

- Não senhor. Aqui moro eu, apenas.

- Intonce vô tê qui continuá buscano, ara!

- Mas antes o senhor não gostaria de entrar e tomar um refresco?

- Num sei. É qui to cum bucado di pressa, num sabe?

- Acontece que acabei de fazer uma laranjada deliciosa e...

- É. Acho qui Tuma uma laranjada vai inté aliviá u peso da viagem.

O homem entrou na casa por um momento e enquanto se refrescava com a laranjada, a moça lhe falou de suas dores:

- Ai moço! De uns tempos para cá, tenho sentido uma dor tão grande no peito. Um vazio tão imenso, que me tira a fome, a alegria... Será que o senhor não podia me ajudar a curar essa dor?

O HOMEM SEM SORTE


Terminando sua laranjada e já deixando a mesa para se pôr na estrada, disse:

- Ara! Má num posso não. Tenho qui seguí caminho pra incontrá o Sinhô Deus Criado e preguntá prele, pru quê qui eu sô anssim, tão sem sorte na vida. Num posso memo, moça.

- Está bem então, mas já que o senhor vai ter com o Senhor Deus Criador, pode perguntar a ele o porquê dessa dor, desse vazio tão grande no meu coração, que não me deixa ser feliz.

- Bão! Num sei si vorto por esse caminho, mais eu pregunto prele i si eu incontrá cum a sinhora tra veiz, eu trago resposta.

E o homem seguiu seu caminho novamente

Ao cabo de um ano e quarenta dias de procura, ohomem se deparou com uma montanha muito alta e, certo de que, lá, encontraria o Senhor Deus Criador, subiu a montanha com muita dificuldade, mas também com tal esperança.

Lá no alto, ele finalmente encontrou o Senhor Deus Criador:

- O que deseja, homem?

- Ah, Sinhô Criado...- disse o homem, beijando-lhe as mãos e se ajoelhando – Finarmenti incontrei o sinhô. Eu vim aqui pra sabê do sinhô o pruquê de eu sê tão sem sorte ansim. Pru que qui é qui o sinhô num mi deu sorte nessa vida Sinhô Deus Criadô?

- Entendo, mas eu não dou sorte para ninguém. O que dou a todos os homens, são oprtunidades e as dei, também, à você. Basta que preste atenção pelos caminhos onde anda e as oportunidades estarão sempre à sua volta.

- Jura! Intão qué dizê qui a minha sorte ta sorta aí pelo mundo? Intão eu tenho qui vortá pra incontrá ela, ara! Muito brigado Sinhô Deus Criado... Muito brigado... – o homem já ia partindo, quando se lembrou – Ah, sinhô! Quais qui mim isqueço...

E o Homem Sem Sorte fez a pergunta do lobo, fez a pergunta da árvore, fez a pergunta da moça e depois sim, seguiu seu caminho.

Na viagem de volta, passou pelo mesmo caminho e logo chegou perto da casa da moça. Ela estava na janela e quando viu o homem, correu para saber:

- Moço, moço. O senhor perguntou ao Senhor Deus Criador o porquê dessa dor e desse vazio no meu peito?

- Preguntei, craro qui preguntei.

- E o que ele disse?

- Bão! Ele falou que a sinhora percisa é arrumá um companhero, pois o qui sente é solidão. Quando tivé uma companhia essa dô i esse vazio vão acabá i a sinhora vai sê muito filiz...

O HOMEM SEM SORTE


A moça abre um sorriso, balança a saia e começa a enrolar os cachos com as pontas dos dedos, depois pergunta:

- Moço, o senhor não gostaria de entrar e tomar um copo de laranjada fresquinha?

- Não, não! Num posso moça. Tenho qui saí a prucura da minha sorte qui ta sorta por aí.- disse ele, já tomando distância – Adeus moça. Bunita e cheia das riqueza, como é, a sinhora num vai demorá a incontrá argúem i vai sê muito filiz.

Alguns dias depois, ele encontrou a árvore, que estava ainda mais desfolhada, mais seca e mais perto de cair no rio:

- Moço, o senhor encontrou o Senhor Deus Criador e lhe fez minha pergunta?

- Incuntrei sim i ele disse qui o qui ta dano essa caloria nas suas raízes, é um baú, cheim di mueda, qui tá interrado imbaxo di suas raiz i é só argúem tirá esse baú, qui a sinhora vai ficá novinha em foia.

- Ai, moço! O senhor poderia tirar o baú e ficar com as moedas. Afinal, eu sou uma árvore e não preciso de riquezas e ouro.

- Ara! Num posso não dona árvre. Tenho di incuntrá minha sorte, qui ta sorta aí pelo mundo, pois dessa veiz num tem jeito. Vô sê u homi mais sortudo do mundo, sô.

E o homem se foi.

Mais alguns dias, o homem encontrou o lobo dentro do buraco, ainda mais magro e fraco que, quase sem voz, perguntou:

- Moço, o senhor perguntou ao Senhor Deus Criador por que eu estou com essa fraqueza toda?

- Ara! O Sinhô Deus criado falô qui ocê ta fraquim ansim, pru que ocê num come i é só ocê cume arguma coisa qui vai ficá novim im foia, mais si num cume, logo, logo ocê vai morrê.

O lobo, já cheio de idéias, abriu um sorriso malicioso, começou a salivar e disse:

- Ah moço! Já que vou morrer, eu queria lhe fazer um último pedido. Por favor moço, desça aqui e me dê um abraço... É só um ultimo pedido de um moribundo.

O homem pensou, pensou e se decidiu:

- Bão! Um abraço num muribundo, num vai mi atrasá, num é memo...

E o homem foi se aproximando... E o lobo foi abrindo a boca... E o homem se aproximando e o lobo abrindo a boca... E o homem se aproximando e o lobo abrindo a boca... E...

NHOCT!!!

O lobo engoliu o homem em uma bocada.

Esse foi o fim de um homem que não soube aproveitar as oportunidades da vida, oferecidas pelo Senhor Deus Criador.

sábado, 28 de agosto de 2010

O Surrão




Há muito tempo houve uma viúva que vivia com sua única filha. Uma linda menina que tinha também uma maravilhosa voz.

“Com minha mãezinha feliz
Assim eu sempre serei
Amor maior do que esse
Na vida nunca terei”

Certo dia, a viúva foi com sua filha lavar roupas no rio, junto com as outras lavadeiras.

O sol estava alto. Fazia muito calor e a menina, cantarolando, se afastou da mãe e das lavadeiras para se banhar.

“Com minha mãezinha feliz
Assim eu sempre serei
Amor maior do que esse
Na vida nunca terei.”

Antes de entrar na água, a menina se lembrou do brinco de ouro que ela havia ganhado de seu falecido pai e, para que não o perdesse, ela o colocou sobre uma pedra e desceu às águas do rio.

Acontece que um homem, que trazia em suas costas um grande saco e em suas mãos uma bengala, estava a espreita entre as árvores e ficou encantado com a voz da pequenina e vendo os brincos sobre a pedra teve uma idéia.

A menina viu que a tarde estava chegando e achou melhor voltar para junto de sua mãe. Saiu tão apressada que se esqueceu dos brincos, mas antes de alcançar as lavadeiras, ela se lembrou e volto para pegá-los.

Quando alcançou a pedra... Onde estavam os brincos? A menina procurou, procurou...
Procurou muito, até que o homem, todo sujo e esfarrapado, saiu de trás de uma árvore dizendo:

- Procura por seus brincos, encantadora menina?

- Sim, procuro sim! O senhor os viu?

- Eles estão aqui... No fundo do meu surrão... – o homem abriu o saco -... e se os quiser de volta, terá de vir apanhar.

A menina, sem pensar, saltou no saco para apanhar os brincos e quando ela entrou o homem amarrou a boca do saco bem amarrada.

A viúva, mãe da menina, terminou de lavar sua roupa e foi procurar por sua filha. Olhou o rio, onde a menina costumava se banhar. Chamou, chamou, mas a filha não repondeu.
A viúva não desistiu, andou por toda a margem do rio chamando por sua filha. Sem resposta, ela continuou a procurar por toda a cidade e continuou procurando e procurando...

O homem do saco, em suas andanças pelo mundo sempre parava nas praças e coretos e juntava multidões, dizendo:

- Vejam todos. Vejam todos o meu surrão mágico. Apreciem a voz maravilhosa que ele tem.

Depois se dirigia ao saco, ameaçando com sua bengala:

“Canta, canta meu surrão
Se não eu vou lhe dar
Com a força do bordão”

E a menina, lá dentro do surrão, se punha a cantar:

“No meu surrão viverei
No meu surrão morrerei
Por causa dos brincos de ouro
Que lá no rio deixei”

E a cada cidade que houvesse uma praça, um coreto, o homem repetia:

- Vejam todos. Vejam todos o meu surrão mágico. Apreciem a voz maravilhosa que ele tem.

Depois se dirigia ao saco, ameaçando com sua bengala:

“Canta, canta meu surrão
Se não eu vou lhe dar
Com a força do bordão”

E a menina, lá dentro do surrão, se punha a cantar:

“No meu surrão viverei
No meu surrão morrerei
Por causa dos brincos de ouro
Que lá no rio deixei”

E o homem andou pelo mundo com seu mágico surrão cantor, enquanto a viúva andava pelo mundo em busca de sua filha.

Certo dia, a viúva certa de que já havia procurado por todos os lugares, resolveu voltar para casa, pensando:

- Quem sabe minha filha já voltou para casa e eu não estou lá para cuidar dela!

Quando a pobre viúva chegou em sua casa, não encontrou a filha, mas, enquanto ela foi a cozinha, virou a botija e se serviu de um copo d’água, alguém bateu em sua porta.

Já cansada da vida, foi vagarosamente atender.

Ao abrir, se deparou com um homem muito sujo e maltrapilho que lhe pediu:

- Minha senhora, sou um artista do mundo e tenho fome. Poderia me arrumar um prato de sopa? Em troca eu faria meu surrão lhe cantar uma linda canção, com sua voz mágica e maravilhosa.

A viúva achou que tal pudesse alegrar um pouco o seu coração ferido, então o homem gritou:

“Canta, canta meu surrão
Se não eu vou lhe dar
Com a força do bordão”

E a menina, lá dentro do surrão, se punha a cantar:

“No meu surrão viverei
No meu surrão morrerei
Por causa dos brincos de ouro
Que lá no rio deixei”

A viúva, imediatamente, reconheceu a voz de sua filha perdida e, muito audaciosa, disse ao homem:

- Ah moço, eu lhe faria a sopa, mas acabou minha farinha e até eu ir ao armazém o fogo apaga e não terei como prepará-la para o senhor...

- Não seja por isso minha senhora. Dê-me o dinheiro e lhe trago a farinha.

A viúva deu o dinheiro ao homem e lhe indicou o armazém que ficava longe, longe. Quase deixando acidade.

Quando viu que o homem estava longe, abriu o saco e, encolhidinha no fundo do saco, estava sua filha perdida.

A mulher pegou a menina no colo e lhe deu um abraço apertado. Depois:

- Vamos filhe. Temos de nos apressar...

As duas foram até o quarto, pegaram o penico cheio, que estava embaixo da cama e derramou dentro do saco. Depois foram até o galinheiro e encheram o saco de toda a caca de galinha que encontraram. Depois, no chiqueiro, pegaram toda a sujeira dos porcos e também colocaram no surrão. Saíram também pela vizinhança, recolhendo toda a sorte de sujeiras, como cocô, catarro de tosse...

Quando o homem estava chegando, a viúva escondeu a filha embaixo da cama e foi atendê-lo.

Preparou a sopa e o homem, depois de estar de barriga cheia, sugeriu que queria passar a noite naquela casa, mas a viúva disse que não ficaria bem e que ele não poderia ficar, e o convenceu a partir bem rápido.

Depois que o malvado se foi, ela tirou sua filha de debaixo da cama e vendo como ele estava magrinha e enfraquecida, preparou-lhe uma gostosa refeição e depois foram dormir juntinhas, bem feliz da vida.

Quanto ao homem, como sempre, parou na próxima cidade e novamente juntou o povo dizendo:

- Vejam todos. Vejam todos o meu surrão mágico. Apreciem a voz maravilhosa que ele tem.

Depois se dirigiu ao saco, ameaçando com sua bengala:

“Canta, canta meu surrão
Se não eu vou lhe dar com a força do bordão”...

Mas nada de o surrão cantar, e ele insistia:

“Canta, canta meu surrão
Se não eu vou lhe dar com a força do bordão”...

Mas nada de o surrão cantar, e ele insistia outra vez:

“Canta, canta meu surrão
Se não eu vou lhe dar com a força do bordão”...

Até que ele perdeu a paciência e começou a bater no surrão. Bateu, bateu, bateu, até que...

Bum!!!!

O surrão estourou, jogando toda a porcaria em cima do homem. A história se espalhou e ninguém mais quis saber de suas armações e o homem nunca soube o que havia acontecido com a menina

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A MENINA ESTRELA



ERA UMA VEZ UMA MENINA
QUE FAZIA TODAS AS COISAS DE MENINA
GOSTAVA DE TUDO QUE GOSTA UMA MENINA
MAS PARA ELA
TODAS AS COISAS DE MENINA
ERA POUCO


ERA UMA VEZ UMA MENINA
QUE QUERIA FAZER MAIS DO QUE COISAS DE MENINA
QUERIA SER ESTRELA


E OS OLHINHOS DE MENINA
ESTAVAM SEMPRE PERDIDOS
PROCURANDO POR ELAS
AS ESTRELAS


E CORRIA
E PULAVA
E SORRIA
E BRINCAVA
E SONHAVA
SONHAVA SER ESTRELA


ENTÃO
CERTO DIA
UMA ESTRELA QUIS BRINCAR COM A MENINA


E A ESTRELA CHEGOU PERTINHO
BEM PERTINHO DA MENINA
E A MENINA CHEGOU PERTINHO
BEM PERTINHO DA ESTRELA


DERAM-SE AS MÃOS
E SUBIRAM BEM ALTO
SUBIRAM AO CÉU


E LÁ
A MENINA
JÁ NÃO ERA MAIS MENINA


A MENINA
ERA ESTRELA

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PANDY NÃO QUER “PAPÁ”




Aaaah! Mamãe Panda estava muito preocupada.
Pandy, que era um filhote todo gorduchinho, comilão e muito, muito alegre, não queria mais papá.

Mamãe fazia de um tudo, mas nada...

Mamãe escolhia comidas deliciosas, mas quando tentava fazer o filhote comer uma folhinha de bambu bem verdinha... NADA!


Pandy, agora, só queria saber de ficar lá... Hora sentado sobre um monte de folhas e galhos, hora debaixo de grandes árvores...

Mamãe Panda perguntou o que o filhotinho queria para voltar a comer, mas o pequenino não respondeu e continuou sem dar a menor importância para as tentativas da mamãe de lhe dar o que comer.

No segundo dia, Mamãe Panda desistiu de tentar sozinha e saiu por toda a china em busca de um doutor, ou algum sábio que lhe dissessem o que fazer.

Um dizia:

- A senhora precisa trocar de bambuzal e com folhas diferentes, ele certamente voltará a comer...

Lá ia Mamãe Panda por um monte de bambuzais diferentes, mas quando tentava dar para Pandy comer...

Só recebia focinho torcido e boca fechada feito porta de cofre...

Outro, ainda pior, disse para a mamãe forçar que ele abriria a boca e comeria...

Ela tentou, forçou e tentou tanto que ele acabou abrindo... Abrindo o maior berreiro, sem engolir um só pedacinho das deliciosas, macias e verdinhas folhas de bambu.

Certo dia, por acaso, Mamãe Panda encontrou Dª Pandora. Uma senhora panda muito velhinha, alegre e sabida:

- Dá cá esse mocinho e deixe-me ver se consigo ajudar...

Dª Pandora o pegou no colo, o aninhou um pouquinho e começou a cantarolar uma cançãozinha animada, que logo deixou Pandy, também, muito animado. Depois, quando começou a cantar a segunda música, pegou as folhinhas de bambu e foi entregando ao filhotinho, que distraído com as canções, comeu uma folhinha... Depois outra folhinha... Depois outra folhinha e quando Mamãe Panda foi ver, ele tinha comido um bocado delas.

Logo em seguida, bem aquecido pela refeição e embalado pelas canções, Pandy foi dormir com um gostoso sorriso de sonhos bons.

FIM

(Cantiga em ritmo de “Boneca de Lata”)

“Um gostoso lanchinho
Agora eu vou comer
Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer...

Um pãozinho aqui
Um leitinho ali...

Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer

Hum! Que almoço gostoso
Agora eu vou comer
Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer

Um feijão aqui
O arroz ali
Uma alface assim...

Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer...

Depois de lavar as mãos
Pra ficar forte e crescer”

terça-feira, 17 de agosto de 2010

OLHA O GATO COM MEDO DE RATO




OLHA O GATO COM MEDO DE RATO

Certo dia, a mata estava em festa. Depois de uma chuviscada gostosa, de baixo de um solzinho relaxante e sob um colorido arco-íris, nascia a princesa Celina Onça, filha da grande rainha Felícia Felina Onça e os bichos comemoravam em grande algazarra.

Todos estavam muito felizes...

Felícia Felina era a rainha da caça, a mais forte, a mais valente da mata.

Se algum bicho precisava de uma “forcinha”, lá estava Felícia, sempre pronta para usar seus músculos.

Se algo perturbava a mata, assustava a bicharada, lá estava Felícia sempre pronta a mostrar sua coragem.

Sendo assim, quando Celina nasceu, Felícia viu na pequena oncinha a continuação de sua história:

- Ah! Essa minha filha será a mais feroz de todas as feras desse mundo!!!

E Celina, ainda sendo um pequeno filhote, já era temida por todos na mata.

Bastava sentirem seu cheiro que até o menor dos insetos, e até o maior dos porcos do mato se encolhiam, se escondiam e tremiam de medo.

Elas e a mãe se orgulhavam de tanta valentia. Celina dizia não ter medo de nada e adorava ver a bicharada amedrontada.

Foi então que, de passagem, apareceu um rato na mata. Um rato de cidade grande.

Por aquelas terras não havia ratos como aquele.

Branquinho, branquinho, pés e rabo cor-de-rosa e olhos vermelhos, vermelhões.

O pobre rato estava perdido.

Viajava para visitar um primo, resolveu pegar um atalho e acabou perdido na mata.

Já cansado, ouviu alguns bichos conversando e foi pedir informações.

Antes que o ratinho alcançasse o grupo de gambás que tagarelavam a sombra de uma grande árvore, Celina saltou sobre os bichos.

Mas ela escorregou em uma poça de lama e... Foi parar na frente do ratinho branco...

Quando ela viu aqueles olhos vermelhos, vermelhões olhando para ela...
Arrepiou-se toda, deu um miado tão alto que espantou todos os pássaros das redondezas e ainda deu um salto para o lado, acertando, com toda a força, sua cabeça nas cascas grossas da árvore.

Os animais que estavam perto começaram logo com a zombaria:

-Hahahaha!!!! Olha o gato com medo de rato... Olha o gato com medo de rato...

Logo, logo todos os outros animais da mata também vieram e se juntaram aos zombeteiros:

- Hahahaha!!!! Olha o gato com medo de rato...

Foi então que Celina aprendeu que todos sentem medo e daí por diante ela decidiu que não seria mais tão prepotente e metida à valente.


FIM

CACO RAPOSA E O COELHINHO SEM MEDO


Certa tarde, ia Caco Raposa pela mata a procura de boa caça, quando avistou ao longe um coelhinho muito serelepe.

Já salivando, lambendo os lábios e babando muito, a raposa foi se aproximando de vagar, de vagar e quando estava quase no ponto de saltar sobre o coelhinho e o engolir em uma só abocanhada...

CADÊ O COELHINHO???

O danadinho sumiu das vistas e do faro de Caco Raposa, que ficou sem saber o que pensar.

Procura daqui, procura dali, procura de lá e quando já não havia mais onde a raposa procurar...

IIIIUUPIIII!!!!

O coelhinho, danadinho, saltou em cima das costas de Caco, que começou a saltar e a “corcovear”. Tamanho foi o susto que levou que nem imaginou ser o coelhinho, pensou estar sendo atacado por algum bicho feroz e aí saltava e gritava, gritava e saltava, até que o coelhinho se soltou dos pelos da raposa assustada.

A essas alturas, Caco já estava tão cansado que não conseguia nem atacar o pequeno coelho.

Sentado sobre as folhas secas, esbaforido, de língua para fora e patas tremendo feito “vara verde”, fez o pequenino ficar preocupado:

- O sinhô ta bem?? Dicupa, dicupa tá?

A raposa ficou ainda mais espantada. Onde já se viu um coelhinho pedir desculpas ao invés de sair em carreira, pedindo socorro?? E o coelhinho continuou examinando Caco Raposa e onde pensava estar machucado, ele assoprava e dizia:

- Dodói vai salá, dodói vai salá...

Caco raposa entendia cada vez menos e quanto mais tonto a raposa ficava, mais o coelhinho lhe cuidava.

Aos poucos, Caco esqueceu-se de sua fome e de sua procura por caça e perguntou ao pequenino:

- Quem é você?

- Eu... Eu sô o Quelinho Fael... Cadê minha mamãe???

- O quê? Perdeu sua mãe??

- Pedi?? A... Asso qui pêdi. Azuda incontá minha mamãe? Cadê minha mãe???

Caco Raposa deu um sorrisinho malicioso, daqueles de canto de boca que quase chega às orelhas e depois continuou a prosa:

- Claro, claro que levo... Vem comigo.

E o Caco, danado que só, levou Fael para sua toca e lá preparou um monte de coisas gostosas como cenoura, alface... Fael comeu tudo, mas não parava de perguntar:

- Cadê mamãe... Mamãe ta qui... Quelo minha mamãe...

O pobre coelhinho esperou, procurou e nada.

Caco fazia tudo para agradar o pequenino. Brincava de cavalinho, de pique esconde, fazia cafuné...

Mas o que o coelhinho queria mesmo, Caco não queria dar de jeito nenhum.

- Mamãe Coelha não é boa mãe para ele... Onde já se viu perder um coelhinho tão pequenino, no meio de uma mata cheia de bichos malvados?? Pois agora serei eu quem protegerá o Coelhinho Fael...

Mas Fael foi ficando cada vez mais tristonho, cada vez mais tristonho... Logo ele começou a chorar baixinho, depois mais alto, mais alto e acabou armando o maior berreiro, deixando a raposa com tanta pena que não resistiu e levou o coelhinho para sua mamãe.

Mamãe, que também estava muito triste procurando por seu filhotinho, foi correndo abraçar seu filho e prometeu nunca mais se afastar do coelhinho para que ele não se perdesse outra vez, enquanto Caco olhava tudo, escondido no meio do mato.

Mamãe coelha nunca mais deixou o coelhinho sair de perto dela.

O coelhinho Fael teve muita sorte, pois podia ter sido devorado, ou levado para longe para nunca mais ver sua mãe, pois filhotinhos não podem ficar por aí, sozinhos, não é mesmo?

FIM

ANINHA JOANINHA QUER BRINCAR COM A ESTRELA

Aninha Joaninha sempre dormia cedo, pois acordava junto com o sol para aproveitar as delícias do dia.

Enquanto o sol estivesse clareando a terra, lá estava Aninha brincando, comendo, se divertindo e quando o sol ia embora, Aninha se aninhava sobre uma folha bem verdinha e dormia.

Quase sempre era assim, isso, porque certo dia Aninha estava tão distraída com um pé de amoras que nem viu o sol ir se deitar, quando deu por si, já estava chegando à noite e então... Aninha olhou para o céu...

A joaninha ficou encantada! Ela viu a primeira estrela da noite e ficou maravilhada com seu brilho delicado, suas pontinhas reluzentes e Aninha quis muito, mas muito mesmo, ir lá em cima brincar com a estrela.

Aninha, então, bateu suas asinhas e subiu na tulipa mais alta, foi até bem em cima da flor e se esticou, se esticou, se esticou...

Ah não! Aquela tulipa ainda era muito baixinha, não dava para alcançar e brincar com a estrela.

A joaninha pensou, pensou e decidiu subir na folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta, e lá foi ela batendo suas asinhas.

UFA!

Quando Aninha alcançou a folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta a pobrezinha estava exausta, muito cansada mesmo e chagando lá ela ainda se esticou se esticou, se esticou e finalmente...

Ela cansou de se esticar e percebeu que mesmo a folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta ainda era muito baixa para alcançar e brincar com a estrela.

Pobre Aninha! Ficou tão triste, mas tão triste que foi se aconchegar em uma folha verdinha para dormir

Deitou-se, se aconchegou, mas dormir não dormiu.

As lágrimas estavam correndo por seus olhos como águas em um dilúvio. E ela não conseguia parar de pensar em como queria ser amiga da estrela, então ela se levantou e foi lavar o rosto no riacho.

Quando ela chegou ao riacho e abaixou para se lavar... Ficou parada, paralisada... A estrela estava lá dentro do riacho.

“Agora sim está mais fácil”, pensou ela e outra vez ela se esticou, se esticou, se esticou e...

...SPLASH...

Caiu dentro do riacho e o pior é que ela não sabia nadar... E AGORA?

A pobre joaninha batia as patinhas, batia as asinhas e nada de conseguir sair de tamanha encrenca.

Já estava perdendo as for; as quando viu uma luzinha delicada se aproximar rápido e Aninha logo imaginou que fosse a estrela, querendo ser sua amiga também.

Quando o sufoco passou, ela viu um inseto muito curioso, que nunca havia visto antes...

Ele lhe disse que era um vaga-lume e falou para ela ter mais cuidado quando andar perto das margens do riacho, foi então que, toda chorosa, Aninha contou o quanto queria ser amiga da estrela.

Depois de ouvir a historia o vaga lume pediu para que ela n’ao ficasse triste e a chamou para brincar...

A joaninha ficou muito feliz com o novo amigo, mas já estava tarde e ela tinha muito sono, então se despediram, prometendo se encontrarem no dia seguinte, mesmo sabendo que a luzinha do vaga-lume n’ao estaria tão bonita durante o dia.

Joaninha se aconchegou em uma folha verdinha para descansar...

MAS SABEM QUEM MAIS ESCUTOU ANINHA CONTAR O QUANTO QUERIA SER AMIGA DA ESTRELAS?

Pois é!

A estrela ouviu tudo e então mandou uma “nuvem recado” para a joaninha... “Sabe, eu também quero ser sua amiga, então que tal sermos “amigas de correio”? Sempre quando a noite estiver terminando, eu te mandarei uma nuvem recado e quando o dia terminar, você poderá me escrever um recado em uma folha que eu peco para um vento me entregar...”
Aninha adorou a solução entendendo que na vida, existem diferentes tipos de amigos, como aqueles que estão sempre por perto, aqueles que a gente só vê na escola e aqueles de muito, muito longe, mas que mesmo estando, assim, muito, muito longe não deixam de ser nossos amigos.

Ela agora tinha dois novos amigos.

Agora sim! Aninha Joaninha foi dormir feliz da vida.

FIM

sábado, 14 de agosto de 2010

BETO GAMBÁ E A GANGUE DAS DONHINHAS - para falar sobre bulyng com as crianças, de uma maneira lúdica -



Era uma vez um gambazinho muito tímido.

Na escola, mal falava.

Pela mata, mal andava.

Estava sempre só, quer dizer, nem sempre, pois sua única amiga era Gambita, a gambazinha que morava no Monte Pedregoso.

Ao contrário de Beto, Gambita estava sempre às voltas com todo mundo.

Forte, bonita e inteligente, agradava a todos e quando aparecia algum engraçadinho para caçoar de sua aparência, ou pior, de seu cheiro, Gambazita hora ignorava. Hora até ria de si mesma também e aí o zombeteiro perdia a graça e a deixava em paz...

QUE PENA QUE BETO NÃO ERA ASSIM!!!!

Beto havia se tornado um gambazinho triste, tímido e sozinho, justamente por causa da zombaria.

Mal chegava a algum lugar e a bicharada começava a torcer o nariz, a cochichar olhando para ele, a rir e apontar para o pobrezinho.

O gambazinho ficava tão triste, mas também com tanta vergonha, que não contava para ninguém.

Às vezes ficava tão triste, mas tão triste que não conseguia seguras suas lágrimas que desciam apressadas em se esconder na terra e aí os zombeteiros ficavam ainda mais contentes e orgulhosos de seus feitos.

Os piores zombeteiros, que não deixavam Beto em paz, eram as doninhas. Estavam sempre zombando do pobrezinho e em alto e bom som, até que um dia, só a zombaria falada não foi suficiente para divertir o bando e eles começaram a dar cascudos e petelecos em Beto Gambá enquanto zombava de seu cheiro.

Beto só tinha paz quando estava ao lado de Gambita, quando ninguém se atrevia em mal dizer um gambá.

Apesar de Beto não contar nada, Gambita, muito esperta, começou a prestar atenção nos olhares das doninhas para o gambazinho e no jeito que o pobre Beto ficava perto das doninhas.

No último dia de aula, a bicharada estava toda eufórica. Imaginando, planejando, falando sobre tudo o que fariam nas férias e a Gangue das Doninhas...:

- Turma, eu tenho uma idéia para divertir a escola inteira, para comemorar a chegada das férias. É assim, ó. Vocês chamam todo mundo lá pro campinho e...

Bem! Depois da última aula, do último dia de aula, Dado Doninha chegou perto do Beto com ares de amigo:

- E aí... Bem... Sabe como é... As férias estão aí... Bem, acontece que eu queria te pedir desculpas...

- Sério? Quer me pedir desculpas?!

- Claro! Você é muito legal e não tem nada a ver as brincadeiras que meus amigos fazem. Para selar nossa amizade, vamos até o campinho jogar bola...

- Oba! Vamos, vamos sim.

Eles foram... Chegando lá Dado passou bem no cantinho, ajeitou a bola no chão e disse:

- Agora fique na posição certa no gol que eu vou chutar, hein? Vai ser um gol de placa! HAHAHAHAHA!!!!!

POBRE BETO!

Ele, todo contente, correu para o gol... Dá para imaginar seus passinhos em câmera lenta, correndo para o centro entre as traves de galhos e...

...SPLOFT...

Quando o coitado se deu conta, estava dentro de um buraco, cheio de lama podre do Brejo Esquecido.

Para piorar, Beto ouviu uma tempestade de gargalhadas, vindo de toda a mata e logo toda a bicharada da escola saiu de trás das árvores. E estavam todos rindo e apontando para o pobre gambazinho:

- Não sabia que gambás podiam cheirar pior ainda!HAHAHAHAHA!!!!!!

A Gangue das Doninhas se aproximou e começou a dar petelecos e cascudos em Beto, provocando ainda mais gargalhadas da “platéia”.

Infelizmente para as doninhas, alguém convidou Gambita também e quando ela chegou e viu tal situação ela fez uma cara tão brava, mas tão brava...

Que toda a bicharada fugiu em carreira e quando a Gangue das Doninhas iam fugindo também, Gambita segurou Dado por seu pelo e o levou a Jacque Jaguatirica, o “guardador da lei e da ordem da mata:

- É! O que fizeram foi muito grave. Tem sorte que Dª. Onça está em viagem diplomática, mas eu já sei o que fazer com vocês...

Jacque Jaguatirica condenou toda a gangue a cuidar, todos os dias, da manutenção do Brejo Esquecido e assim, todos os dias, eles voltavam a mata mais fedidos que gambás.

Depois de tal lição, as doninhas entenderam que não tem graça nenhuma zombar dos outros, principalmente, não tem graça nenhuma quando as vítimas das zombarias somos nós e seu exemplo serviu para ensinar o mesmo a todo o resto da bicharada da mata.

FIM