domingo, 29 de agosto de 2010

O HOMEM SEM SORTE


Terminando sua laranjada e já deixando a mesa para se pôr na estrada, disse:

- Ara! Má num posso não. Tenho qui seguí caminho pra incontrá o Sinhô Deus Criado e preguntá prele, pru quê qui eu sô anssim, tão sem sorte na vida. Num posso memo, moça.

- Está bem então, mas já que o senhor vai ter com o Senhor Deus Criador, pode perguntar a ele o porquê dessa dor, desse vazio tão grande no meu coração, que não me deixa ser feliz.

- Bão! Num sei si vorto por esse caminho, mais eu pregunto prele i si eu incontrá cum a sinhora tra veiz, eu trago resposta.

E o homem seguiu seu caminho novamente

Ao cabo de um ano e quarenta dias de procura, ohomem se deparou com uma montanha muito alta e, certo de que, lá, encontraria o Senhor Deus Criador, subiu a montanha com muita dificuldade, mas também com tal esperança.

Lá no alto, ele finalmente encontrou o Senhor Deus Criador:

- O que deseja, homem?

- Ah, Sinhô Criado...- disse o homem, beijando-lhe as mãos e se ajoelhando – Finarmenti incontrei o sinhô. Eu vim aqui pra sabê do sinhô o pruquê de eu sê tão sem sorte ansim. Pru que qui é qui o sinhô num mi deu sorte nessa vida Sinhô Deus Criadô?

- Entendo, mas eu não dou sorte para ninguém. O que dou a todos os homens, são oprtunidades e as dei, também, à você. Basta que preste atenção pelos caminhos onde anda e as oportunidades estarão sempre à sua volta.

- Jura! Intão qué dizê qui a minha sorte ta sorta aí pelo mundo? Intão eu tenho qui vortá pra incontrá ela, ara! Muito brigado Sinhô Deus Criado... Muito brigado... – o homem já ia partindo, quando se lembrou – Ah, sinhô! Quais qui mim isqueço...

E o Homem Sem Sorte fez a pergunta do lobo, fez a pergunta da árvore, fez a pergunta da moça e depois sim, seguiu seu caminho.

Na viagem de volta, passou pelo mesmo caminho e logo chegou perto da casa da moça. Ela estava na janela e quando viu o homem, correu para saber:

- Moço, moço. O senhor perguntou ao Senhor Deus Criador o porquê dessa dor e desse vazio no meu peito?

- Preguntei, craro qui preguntei.

- E o que ele disse?

- Bão! Ele falou que a sinhora percisa é arrumá um companhero, pois o qui sente é solidão. Quando tivé uma companhia essa dô i esse vazio vão acabá i a sinhora vai sê muito filiz...

Um comentário:

  1. Oi, por acaso você conhece alguma lenda sobre o pé de jatobá? Ela é mineira, e há muito tempo desde que saí daí procuro por esta, desde já agradeço ;*

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