terça-feira, 17 de agosto de 2010

CACO RAPOSA E O COELHINHO SEM MEDO


Certa tarde, ia Caco Raposa pela mata a procura de boa caça, quando avistou ao longe um coelhinho muito serelepe.

Já salivando, lambendo os lábios e babando muito, a raposa foi se aproximando de vagar, de vagar e quando estava quase no ponto de saltar sobre o coelhinho e o engolir em uma só abocanhada...

CADÊ O COELHINHO???

O danadinho sumiu das vistas e do faro de Caco Raposa, que ficou sem saber o que pensar.

Procura daqui, procura dali, procura de lá e quando já não havia mais onde a raposa procurar...

IIIIUUPIIII!!!!

O coelhinho, danadinho, saltou em cima das costas de Caco, que começou a saltar e a “corcovear”. Tamanho foi o susto que levou que nem imaginou ser o coelhinho, pensou estar sendo atacado por algum bicho feroz e aí saltava e gritava, gritava e saltava, até que o coelhinho se soltou dos pelos da raposa assustada.

A essas alturas, Caco já estava tão cansado que não conseguia nem atacar o pequeno coelho.

Sentado sobre as folhas secas, esbaforido, de língua para fora e patas tremendo feito “vara verde”, fez o pequenino ficar preocupado:

- O sinhô ta bem?? Dicupa, dicupa tá?

A raposa ficou ainda mais espantada. Onde já se viu um coelhinho pedir desculpas ao invés de sair em carreira, pedindo socorro?? E o coelhinho continuou examinando Caco Raposa e onde pensava estar machucado, ele assoprava e dizia:

- Dodói vai salá, dodói vai salá...

Caco raposa entendia cada vez menos e quanto mais tonto a raposa ficava, mais o coelhinho lhe cuidava.

Aos poucos, Caco esqueceu-se de sua fome e de sua procura por caça e perguntou ao pequenino:

- Quem é você?

- Eu... Eu sô o Quelinho Fael... Cadê minha mamãe???

- O quê? Perdeu sua mãe??

- Pedi?? A... Asso qui pêdi. Azuda incontá minha mamãe? Cadê minha mãe???

Caco Raposa deu um sorrisinho malicioso, daqueles de canto de boca que quase chega às orelhas e depois continuou a prosa:

- Claro, claro que levo... Vem comigo.

E o Caco, danado que só, levou Fael para sua toca e lá preparou um monte de coisas gostosas como cenoura, alface... Fael comeu tudo, mas não parava de perguntar:

- Cadê mamãe... Mamãe ta qui... Quelo minha mamãe...

O pobre coelhinho esperou, procurou e nada.

Caco fazia tudo para agradar o pequenino. Brincava de cavalinho, de pique esconde, fazia cafuné...

Mas o que o coelhinho queria mesmo, Caco não queria dar de jeito nenhum.

- Mamãe Coelha não é boa mãe para ele... Onde já se viu perder um coelhinho tão pequenino, no meio de uma mata cheia de bichos malvados?? Pois agora serei eu quem protegerá o Coelhinho Fael...

Mas Fael foi ficando cada vez mais tristonho, cada vez mais tristonho... Logo ele começou a chorar baixinho, depois mais alto, mais alto e acabou armando o maior berreiro, deixando a raposa com tanta pena que não resistiu e levou o coelhinho para sua mamãe.

Mamãe, que também estava muito triste procurando por seu filhotinho, foi correndo abraçar seu filho e prometeu nunca mais se afastar do coelhinho para que ele não se perdesse outra vez, enquanto Caco olhava tudo, escondido no meio do mato.

Mamãe coelha nunca mais deixou o coelhinho sair de perto dela.

O coelhinho Fael teve muita sorte, pois podia ter sido devorado, ou levado para longe para nunca mais ver sua mãe, pois filhotinhos não podem ficar por aí, sozinhos, não é mesmo?

FIM

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