terça-feira, 20 de julho de 2010

HORA DO ALMOÇO NA FLORESTA ... - A NOVA CHAPEUZINHO






A NOVA CHAPEUZINHO
HORA
DO
ALMOÇO
NA FLORESTA...

MARIA HELENA CRUZ





PERSONAGENS:
LUCIANA:
Menina de gestos delicados, vestida com roupas que lembrem Chapeuzinho Vermelho, mas de outra cor;
JONAS RAPOSA:
Uma raposa esperta, esfomeada e muito medrosa.
LEILA:
A “Onça Rainha” da floresta;
CÉLIO O CERVO:
Um filhote muito animado e atrapalhado;
MÃE CORSA:
A presa favorita do caçador e mãe de Célio o cervo;
CAÇADOR:
Caçador maluco, sempre atrás de um troféu;
SÁBIO COBRA:
Uma cobra “sabichona”, que de sábia não tem nada;
MORCEGO JULIÃO:
Um morcego muito amigável e inteligente;
MÃE DE LUCIANA:
Carinhosa e “cozinheira”.
EMBORA HAJA NOVE PERSONAGENS, A PEÇA PODERÁ SER APRESENTADA COM ELENCO, A PARTIR DE 4 ATORES.

O CENÁRIO DEVERÁ, SIMPLESMENTE,  LEMBRAR UMA FLORESTA.


    Luciana, de cesto na mão, passeia pela floresta cantando,  colhendo algumas flores:

      “Alecrim, alecrim dourado
      Que nasceu no campo
       Sem ser semeado

      Foi meu amor
      Quem me disse assim       
      Que a flor do campo
      É o alecrim

      Alecrim, alecrim miúdo
      Que nasceu no campo
      Perfumando tudo

      Alecrim do meu coração
      Que nasceu no campo
      Com essa canção”
 
LUCIANA:        
       - Ah, que dia mais lindo!- diz ela - Mamãe vai adorar as flores que colhi para enfeitar a mesa... – a menina põe a mão no ouvido, para tentar ouvir melhor - Hei... Que barulho estranho é esse?... Acho que ouvi outra vez... Essa não! Minha barriguinha está roncando feito um leão. Huuummm! Já deve ser hora do almoço e estou com uma fominha.

   

    Uma voz misteriosa repete as palavras de Luciana:

          

     - Huuummm! Já deve ser hora do almoço e estou com uma fominha!

    

       A raposa dá um salto e se põe a andar sorrateiramente em torno da menina, que assustada, senta-se no chão e se encolhe erguendo o cesto para encobrir o seu rosto, perguntando:


LUCIANA:
      - Quem é você e o que está fazendo aqui?

     E a raposa responde:
  JONAS: 
      - Ora, eu sou Jonas Raposa e “rei da floresta”, e a floresta é minha casa. O que “você” está fazendo aqui?

      Luciana fica um pouco confusa:

 LUCIANA:
      - Mas eu nem sabia que havia rei na floresta.

JONAS:
      - Pois tem e ele... Digo, eu é quem mando por aqui. Agora me diz, o que uma menininha como você, faz sozinha na floresta?

      Muito educada, ela se apresenta:

LUCIANA

      - Meu nome é Luciana. Eu vim à floresta para pegar flores. Vou levar para a minha mãe enfeitar a mesa para o almoço...

      Jonas, com o olhar vidrado na menina se assanha:

JONAS:
       - ALMOÇO!? Isso me lembra que estou com tanta fome, tanta fome, que seria até capaz de comer uma menininha.

LUCIANA:
       - AAAAAHHHHHH! – grita ela, correndo de um lado para o outro - Não, não faça isso senhor raposa! Você não pode me comer.

JONAS:
       - É claro que posso! Eu sou o rei da floresta e no meu reino posso tudo...

LUCIANA:
      - Sabe o que é senhor Jonas Raposa... É que minha carne é muito dura. O senhor não iria gostar.

JONAS:
     -  Que nada! Um filhote como você, deve ter a carne no ponto. Do jeitinho que eu gosto.

        Ai, ai! A menina foge das investidas da raposa ainda tentando convencer:

 LUCIANA:
-          Mas senhor Jonas Raposa... Assustada como estou, minha carne já deve estar amarga, de tanto medo.

JONAS:     
       - Agora chega. Você será o meu almoço e pronto. Sou o rei e como tal, posso comer o que eu quiser e como eu quiser...    
                                      
       Então uma grande onça interrompe a conversa, parecendo muito irritada com o tal rei:
        
LEILA:     
      - Quem é rei da floresta?

       Jonas se encolhe todinho... Muito amedrontado e tentando se explicar:

JONAS:
       - Ehhh... Olá Leila, acordada há esta hora.

       Leila, a onça, fala ainda bocejando e a passos preguiçosos:

LEILA:
       - Acho que o lanchinho matutino não me fez bem, mas voltando as vacas magras, que história é essa de rei?

      Luciana, muito esperta, se aproveita da discussão para fugir, enquanto os dois bichos continuam:

JONAS: 
             - Rei... Que rei??? Ora Leila, você entendeu errado. Eu estava dizendo que quem manda aqui na floresta, é nossa grande rainha Leila.

LEILA:
       - Espero que seja isso mesmo ou então... Hei... Onde está a menina? Veja o que fez! Espantou meu almoço.

A fome acaba trazendo alguma valentia ao pobre Jonas:

JONAS:
      - Seu almoço? Ela estava em minhas patas e “você” a espantou...

LEILA:
      - Está brincando, não é? Uma iguaria como aquela só pode ser degustada pela criatura mais importante da floresta, ou seja, eu!

      A raposa, faminta,  tenta manter a valentia:

JONAS: 
     - Você? Ora, eu... – Leila se aproxima dele ameaçadoramente e ele... –... É claro... Esta iguaria só pode ser degustada por você, não é mesmo?

LEILA:
       - Vamos logo! Vamos pegar meu almoço.    


       Não muito longe, Luciana perambula pela mata, muito assustada:

LUCIANA:
        - Essa não! Fiquei com tanto medo e com tanta pressa de escapar daqueles bichos malucos, que acabei perdendo o caminho de casa. O que faço agora?
      
   Ela se deita no chão, chorando de soluçar.

    De olhos bem fechados, ela sente a presença de alguém. Uma mulher com um vestido longo e ares angelicais se aproxima de Luciana e afaga seus cabelos. A menina levanta a cabeça e a vê:

LUCIANA:
   - Mamãe...

MÃE DE LUCIANA:
   - Olá minha querida, por que chora tanto?

LUCIANA
   - É que eu estava tão perdida, tão sozinha, com tanta fome e com tanto, tanto medo...

MÃE DE LUCIANA:
   - Você não está sozinha... Não vê? Olhe ao seu redor. Há tantos amigos a sua volta! Você só precisa olhar com seu coração.

LUCIANA:
   - Mas estou com tanto medo!
 MÃE DE LUCIANA:
   - Todos sentimos medo, mas não podemos deixar de seguir em frente, não é?

LUCIANA:                
  - Que bom que está aqui! Agora não estou mais com medo...

MÃE DE LUCIANA:
   - Eu sempre estou aqui... - ela aponta em direção ao coração da menina e depois de seu próprio coração -... Da mesma forma que você sempre está aqui...
         
     A mãe afaga novamente os cabelos de Luciana, que se deita no chão outra vez e fecha os olhos, depois some outra vez.
           
     A menina está ainda soluçando, deitada no chão, com os olhos fechados, quando gritos desesperados, faz  ela se levantar espantada. Procura que procura e acaba encontrando um animalzinho todo enrolado, preso em arbustos: 
   
CÉLIO O CERVO:
      - Socorro, socorro! Alguém me tire daqui, por favor. Socorro!

LUCIANA:    
     - Calma! Calma! Pare de gritar, que já tiro estas coisas de você...

           Enquanto Luciana desenrola os arbustos do cervo, acaba se enrolando neles e antes que termine, ela ouve um estouro. Luciana pensa ser um trovão, olha  para o céu e não vê uma nuvem se quer, e quando o estouro acontece de novo, uma corsa aparece e, correndo em volta das crianças, gritando em desespero:
 

MÃE CORSA:
    - Célio meu filho, corra. Corra meu filho, corra.

     A corsa vai embora, tão rápido quanto chegou, mas o cervo antes de ir, tenta desenrolar a menina, que não entende o que está acontecendo:

LUCIANA:
     - O que está acontecendo? Tanta gritaria por causa de um trovão?

CÉLIO O CERVO:
     - Que trovão que nada!- diz o cervo - O que vem vindo aí não é chuva não. É um caçador que está sempre pela floresta, atrás de nossas cabeças...
    
      Antes que a menina pergunte mais alguma coisa, o cervo também se vai e um caçador surge à espreita. Os animais, atrás de árvores e arbustos, se encolhem para ficar ainda mais escondidinhos. A menina também tenta se esconder se embaraçando nos arbustos que tirou do cervo, mas não adianta muito. O caçador aponta sua arma para ela:

CAÇADOR:
      - Mas que tipo de bicho é você?
  
       Luciana, que está sentada no chão, com as mãos em volta dos joelhos e os olhos fechados, se mantém assim por algum tempo. Então abre um olho, depois o outro olho e, já se controlando, se levanta, sacode os arbustos de suas roupas, deixando apenas um ramo na cabeça, parecendo uma cabeleira verde.
   
    CAÇADOR impaciente:
      - Me responda logo. Que tipo de animal ou criatura é você?

LUCIANA:
   - Não sou animal, nem “criatura” alguma. Sou só uma menina.

CAÇADOR:
       - Menina, menina! Menina qual o quê! Não venha me enganar, por que comigo não vai ter vez. Conheço tudo na floresta e bem sei que meninas não ficam assim tão longe, dentro da mata...

LUCIANA: 
       - Pois sou uma menina sim e meu nome é Luciana...

CAÇADOR:     
      - Luciana, Luciana... Já sei. Com toda esta cabeleira verde... Você é o curupira... Agora sim Seu Curupira, nunca mais você vai me atrapalhar em minhas caçadas. 
   
    De “arma” (PODE-SE USAR UM MATERIAL SIMPLES COMO UM PEDAÇO DE MADEIRA, PARA NÃO SER ,UITO IMPACTANTE) em punho, o caçador, prestes a atacar a menina, ouve ruídos de animais ferozes. Muito medroso, ele sai correndo por uma trilha na mata.

   Luciana, assustada, fica paralisada e muda no meio da confusão.

    Pouco depois, Luciana está sozinha na mata outra vez e com seu cesto em mãos, caminha cabisbaixa.

     Célio, o cervo, volta correndo e todo animadinho:



CÉLIO O CERVO:
      - Que bom, que bom! O caçador se foi e agora eu posso brincar... Mas por que você ainda está triste?

LUCIANA:
        - Como posso ficar alegre? Estou perdida, sozinha e com muita fome...

CÉLIO O CERVO:
        - Perdida? Por que não me disse antes? Você tem que procurar o Sábio Cobra. Ele sabe tudo, sobre tudo.

     A menina se anima toda.

LUCIANA:
          - É mesmo? E você pode me levar até ele?

         Agora é o cervo quem se acovarda:

CÉLIO O CERVO:
          - Eu? Er... Bem... É que... Já vou mamãe. Olha, tenho que ir, mas se quiser encontrá-lo, é só seguir por esta trilha. Não tem como errar.

        A menina segue a trilha indicada pelo amigo, mas antes que o cervo medroso vá embora também, ouve um grito desesperado, pedindo socorro:

MÃE CORSA:        
       - Socorro, socorro, socorro...       

CÉLIO O CERVO
      - Parece a voz da minha mãe... Mamãe, mamãe...
                    
      Ele entra pela floresta, tentando encontrar a direção dos pedidos de socorro, enquanto, em um lugar bem perto, a Mamãe Corsa tenta fugir, pedindo ajuda, com o caçador atrás:

LUCIANA:
        - Agora sim. Finalmente consegui mais um troféu para minha sala. Haahahahahaaaaaa!!!

MÃE CORSA:
       - Oh, não! Não faça isso Sr. Caçador. Sou apenas uma velha corsa e meu couro já está tão feio, que não lhe servirá de nada.

CAÇADOR:
       - Engano seu Mamãe Corsa. Sua cabeça dará um troféu magnífico, pendurado em minha parede.

MÃE CORSA: 
     -  Ora seu... Vai ver quando meus amigos animais pegarem você.

CAÇADOR:  
       - Não se preocupe, desta vez estou precavido. A mata está cheia de armadilhas. Logo haverá muitos outros, lhe fazendo companhia.
 

MÃE CORSA:    
       - Oh não!    

         No momento, em que tudo parece perdido, Célio chega correndo e dá uma cabeçada no caçador, empurrando-o para longe:

CÉLIO CERVO:        
        - Pronto mamãe. Agora aquele caçador não vai mais se meter com a gente.
                                                                                                                                             
MÃE CORSA:
        - Oh meu filho, que bom que você está bem...

CÉLIO O CERVA:
        - Claro que estou bem, mamãe. Sou um cervo muito forte e valente.

MÃE CORSA:
        - Mas que bobagem o que fez. Poderia ter se ferido, sabia? Estes humanos estão sempre fazendo maldades com alguém e não suportaria que acontecesse algo com você...

CÉLIO O CERVO:
        - Mas mamãe! Tive tanto medo de que o caçador te ferisse...

       Mamãe Corsa abraça o filhote bem forte e enquanto deixam a cena...

MÃE CORSA: 
      - Estou muito orgulhosa por ter um filhote tão heroico?
       
       Luciana  caminha assustada pela floresta.
    
      A menina fica paralisada quando percebe que o Sábio Cobra se aproxima.

SÁBIO COBRA: 
      - O que faz aqui menina, está perdida? – diz ele, já demonstrando astúcia – Está precisando de ajuda?

LUCIANA:
     - Sim, preciso muito de ajuda. Estou perdida, com medo... E estou com muita fome. Você pode me ajudar?

SÁBIO COBRA:
      - É claro que posso, basta que eu lhe dê uma mordidela e...

     Luciana se lembra do “Pequeno Príncipe” e se afasta.

LUCIANA:
      - Ah, não, que essa história eu já conheço!Não quero saber de mordidelas.

 SÁBIO COBRA
      - Então, o que quer de mim?

LUCIANA:
       - Tudo o que preciso é que mostre o caminho para minha casa, afinal, eu moro nesse planeta mesmo, aqui pertinho da floresta... Então? Vai me ajudar?
 SÁBIO COBRA:
       - É claro que sim. – diz ele, já indo embora - O caminho para voltar, é o mesmo que usou para chegar.

LUCIANA:
      - Mas, mas, mas...

    Já é tarde para que a menina consiga outra resposta, pois o Sábio Cobra já havia desaparecido na mata:

LUCIANA:         
   - E agora? Estou mais sozinha e mais perdida que nunca.


  Alguém (com uma asa negra) passa por trás de Luciana e se esconde em um galho de uma árvore bem copada. Luciana, assustada, mas muito curiosa, vai até a árvore onde ele se escondeu:

LUCIANA:
       - Quem é você?

MORCEGO JULIÃO:
       - Eu sou o morcego Julião...

LUVIANA:
       - AAAHH, um morcego!!!– ela grita e se encolhe de novo, com o cesto sobre o rosto.

MORCEGO JULIÃO:      
      - Não tenha medo, não vou te picar. Na verdade eu só como insetos e frutas. Não como meninas. Qual o seu nome?

LUCIANA:
       - Me chamo Luciana... Eu... Eu não consigo encontrar o caminho para casa... E já é hora do almoço... E estou com muita fome... E dois bichos queriam me almoçar e...

MORCEGO JULIÃO:
     - Ora, ora, mas quanto “es”! Fique calma, vou tentar ajudar. Consegue se lembrar de alguma coisa que viu no caminho pra cá? Algo que te lembre a direção de sua casa?

LUCIANA:
     - Não. Estou com tanto medo que não me lembro de nada.

MORCEGO JULIÃO:          
    - Pense um pouco, deve haver alguma coisa?

LUCIANA:                     
    - Não, não me lembro de nadinha.

MORCEGO JULIÃO:        
    - Não sabe onde fica sua casa?

LUCIANA:
  - É claro que sei! Moro na cabana da beira da floresta e sempre caminho por algumas trilhas, procurando por belas flores. Mas hoje, uma raposa, e depois uma onça, apareceram e queriam me almoçar. Eu fiquei com tanto medo, tanto medo, que acabei indo floresta adentro e me perdi... Você pode me ajudar a encontrar o caminho para casa?

MORCEGO JULIÃO:   
     - Não sei, mas vou tentar. Vamos que já está na hora do almoço... 

   Os dois caminham pala mata, procurando a direção para a casa de Luciana.

    Leila e Jonas ainda discutem.

LEILA:
    - O que fazer? Não há mais nada que eu queira comer nesta floresta hoje e você ainda me faz o favor de espantar a menina, aquela rara iguaria.

    Diz Leila, e imediatamente Jonas discorda:

JONAS RAPOSA:
    - Eu, ora! Ela já estava no papo, quando você chegou e a deixou escapar...

LEILA:
    - Eu a deixei escapar, seu... Espere, olhe isto.

    Jonas também se anima com a descoberta de Leila.

JONAS RAPOSA:
    - São pegadas de humano!
 LEILA:
    - Não. São pegadas daquela humana. Vamos, ela deve estar por perto.

JONAS RAPOSA:
     - Que bom, quando a encontrarmos, teremos um banquete dos deuses...

LEILA:
     - O que quer dizer com teremos?

JONAS RAPOSA:
      - Ora, é claro que vamos dividir o almoço.

LEILA:  
      - Dividir? Pode esquecer. Ela será o meu banquete e pronto.

JONAS RAPOSA:
      - Não seja egoísta, afinal, estou lhe ajudando muito com meus dotes de
caçador.

LEILA
     - Ajudando, ajudando. Quem disse que preciso de sua ajuda? Só o que fez foi me atrapalhar... Agora chega de conversa. Vou atrás da menina, antes que ela consiga se afastar mais.
     
      Perto dali, Luciana e Julião continuam em busca do caminho para a casa da menina:

LUCIANA:     
    - Essa não!- diz Luciana, desanimando-se - Voltamos para o lugar onde começamos.

MORCEGO JULIÃO:
      - Tudo bem! Vamos tentar de novo. Só precisamos ficar calmos e vamos conseguir... Acho que tenho uma ideia! Pegue isto.

LUCIANA:
      - O que vamos fazer com este cipó? Nos balançar de galho em galho?

MORCEGO JULIÃO:
     - Não, não... Desta vez não. – ele enrola todo o “cipó” que encontra – Pronto, agora deixamos esta ponta aqui e assim, saberemos os lugares por onde já passamos.

LUCIANA:
    - Que ótima ideia! Vamos logo.

   Os amigos continuam a busca, certos de que desta vez conseguirão encontrar o caminho para a casa de Luciana, quando surge Célio, se enrolando todo no cipó.

 LUCIANA:
  - Oh não, Célio! O que fez?

CÉLIO O CERVO:
     - O que fiz?

LUCIANA:   
  - Estávamos usando o cipó para marcar o caminho por onde já havíamos passado e agora vamos ter de começar tudo de novo.

CÉLIO O CERVO:
     - Opa! É... eu... é... Já estou indo mamãe. – e o cervo sai de cena novamente.

     Voltam a vagar, tentando encontrar o caminho, sem dar muita importância ao cervo atrapalhado, quando de repente, Jonas e Leila saltam na frente deles, Luciana se assusta, mas ao invés de se encolher como antes, cruza os braços em sinal de desafio e fala em seguida:

LUCIANA:
     - Essa não! Não vou mais correr, nem me esconder. Estou cansada, com fome...Tanto, que nem tem mais espaço para o medo.

LEILA:
    - Então... – Leila dá a solução - Posso acabar com tudo isso agora.

MORCEGO JULIÃO:
    - Ora, mas porque querem comer a humana? 

JONAS RAPOSA:     
 -E por que os humanos querem comer os animais?? – diz Jonas, levantando uma       difícil questão - Queremos a humana por que estamos com vontade, ora!

     Leila fica cada vez mais irritada:
    
LEILA:
      - Chega! Estou com fome e estou cansada de tantas baboseiras... É hora do meu almoço.

     A onça salta sobre Luciana, e Julião puxa a menina para o outro lado, deixando Leila cair em um monte de folhas.

    Ela começa a gritar de dor e quando se levanta, está com uma armadilha de caça presa em uma das patas. Jonas se assusta com a armadilha dos homens:

JONAS RAPOSA:
    - Hei, este lugar está ficando perigoso! Melhor eu me mandar.

  Julião, comovido com o sofrimento do grande animal, tenta ajudar e puxa, que puxa, sem nenhum resultado.

MORCEGO JULIÃO:                                
      - Oh não! Minhas patas são pequenas demais para arrancar a armadilha. Você vai ter que ajudar.

LUCIANA:
      - Mas ela queria me almoçar...

MORCEGO JULIÃO:
     - Ela está precisando da sua ajuda agora.

    O Sábio Cobra se aproxima e todos, exclamam um: “Ooooohhh!”, com exceção de Luciana, é claro, pois ainda esta chateada com a resposta, ou melhor, com a falta de resposta anterior.
     E a onça, grita que grita.

SÁBIO COBRA:  
      - O que está acontecendo por aqui?

MORCEGO JULIÃO:
     - Acontece que a onça caiu em uma armadilha de caçador...  

SÁBIO COBRA:  
     - Caçador? Corram, corram. Corram por suas vidas.

MORCEGO JULIÃO:    
     - Não Sr. Sábio Cobra. O caçador não está por aqui.

SÁBIO COBRA:
     - Então, qual é o problema? Por que tanto berreiro?

     Julião continua a explicação.

 MORCEGO JULIÃO:
     - Aqui está apenas a armadilha, que prendeu o pé da onça. 

SÁBIO COBRA:
     - Então, só o que temos a fazer, é retirar a armadilha do pé da onça.
   
LUCIANA:  
   - Sabemos disso, mas acontece que minhas mãos são muito pequenas para arrancar uma armadilha tão grande e a menina não quer ajudar.

     Luciana tenta convencer.

LJCIANA:
     - Como vou ajudar, se ainda há pouco, ela queria me almoçar?

SÁBIO COBRA:
     - Ora, como vai ajudar? Com as mãos. Eu é que não posso, pois não tenho mãos! Todos deveríamos saber como é importante ajudar, pois a recompensa sempre virá.

     O Sábio Cobra se vai novamente, deixando Luciana ainda mais brava com ele.
  
LUCIANA:
   - Mas Julião, e se quando eu chegar perto dela para ajudar, ela me pegar e me almoçar? 

MORCEGO JULIÃO: 
  - Mas se você não ajudar rápido, o caçador pode ouvir os gritos, vir capturá-la e depois...

LUCIANA:
   - E o que é que tem? Ao menos ela não vai almoçar mais ninguém e depois que eu voltar para casa, será um bicho a menos para eu ter medo.

      Leila, que se contorce de dor.
 LEILA:
      - Chega!...Uuuuiii, aaaaiiiii... Não quero saber da ajuda de uma humana... uuuuiiiii, aaaaiiiii... Se ela chegar perto de miiiiiim, aaaaiiiiiii.... Vai querer me fazer de troféu... uuuuiiii!!!

MORCEGO JULIÃO:
     - Veja só! A pobre está com tanto medo quanto você. Estou certo de que não lhe fará nenhum mal.

LUCIANA:  
    - Mas...- Luciana ainda se recusa - Estou com tanto medo!

MORCEGO JULIÃO:
    - Todos temos medo, mas não podemos deixar de seguir em frente...

LUCIANA:  
    - Parece que já ouvi isso antes, mas não consigo me lembrar onde...  

    Ela dá voltas em torno da onça, enquanto o bicho “berra” de dor, depois, se aproxima timidamente e acaba por se decidir. Pega a armadilha e com toda sua força, a arranca da pata de Leila. Dessa vez é a onça que se encolhe, lambendo a pata ferida. A menina começa a se afastar, mas Leila a chama de volta.

LEILA:
    - Espere, não vá ainda. Conheço toda a floresta e posso te mostrar o caminho para a sua casa.

     Luciana abre o maior sorriso e corre para dar um abraço na nova amiga, quando ele, o caçador, aparece novamente:
 CAÇADOR:   
   - Ahá! Ora seu Curupira, não adianta mais se disfarçar. Sei que é você quem tem me causado tantos problemas, mas agora eu vou acabar com tudo isso.   

  Leila entra na conversa com ironia.

LEILA:
    - E como é que pretende fazer tal coisa, sr Caçador?

CAÇADOR:
    - Muito simples D. Onça, trouxe cá, comigo, uma peneira, com uma cruz marcada em cima e esta garrafa. Quando eu jogar a peneira em cima desse curupira, ele vai ficar fraquinho e pequenininho. Depois vou prendê-lo nesta garrafa e aí, todos os animais da floresta estarão em minhas mãos.
  
      Julião primeiro o olha com espanto, depois se põe a gargalhar .

MORCEGO JULIÃO:
      - Mas que coisa! Além de caçador, é tonto. Não sabe que peneira com cruz é armadilha para saci e não curupira? 

LUCIANA:  
      - Além do que, já estou cansada de dizer que não sou curupira, sou só uma menina e...  
     
    Sem ao menos deixar a menina completar sua frase, o caçador lança a peneira sobre ela, e a peneira bate em sua cabeça e cai no chão.


CAÇADOR:     
      -Não pode ser! Como não funcionou?  

LEILA:   
      - Não funcionou, não funcionando ora!... Agora você vai é se ver comigo, seu caçador de meia tigela.   
                 
      A onça caminha na direção do caçador, muito brava e ameaçadora. Ele, tentando se afastar da onça acaba tropeçando e fazendo cair uma rede em sua cabeça. Desesperado, acaba pisando em outra armadilha, também posta ali por ele mesmo. Com muita dor, se senta no chão.

     Luciana, Julião e Leila retiram a rede de cima dele. Assustado e ainda com a armadilha presa em seu pé, o caçador deixa a floresta aos gritos.

CAÇADOR:
     - Essa não, essa não! Fiquei preso em minhas próprias armadilhas. Desisto, desisto. Nunca mais, nunca mais mesmo eu volto à floresta para caçar, nunca mais.        

MORCEGO JULIÃO: 
    - Vejam só! Depois nós é que somos irracionais. Os humanos, com sua capacidade de mudar a natureza acabam criando “armas” para ferir os outros e nem se dão conta que, de uma forma ou de outra, são sempre eles, os maiores prejudicados.   

 LEILA:   
     - Ainda bem que nem todas as criaturas são assim!
      


LUCIANA:
     - Hei! Os humanos, também não são todos assim. – protesta Luciana - Também temos consciência de que devemos proteger os bichos e as outras pessoas... Quer dizer... Alguns dae nós temos es

LEILA:
      - Está bem, está bem! Ainda bem que alguns humanos também não são assim...

   A menina dá as mãos aos amigos, Julião e Leila e cantam.
   
         “Alecrim, do meu coração
            Que nasceu no campo
            Com essa canção
                   
             Foi meu amor
             Quem me disse assim
             Que a flor do campo é o alecrim”
                               
     Depois se apressa voltar para casa.

    Luciana encontra sua mãe , trazendo uma panela e uma colher na mão e cantarolando um LÁ, LÁ, LÁ.

LUCIANA:
    - Mamãe, trouxe as flores...

     Diz Luciana toda animada e esfomeada.
MÃE DE LUCIANA:
   - Filha, que bom que chegou e que lindas flores!

LUCIANA:
  - Mamãe, não sabe o que me aconteceu!...  

 MÃE DE LUCIANA:
  - Depois você me conta filha.Vá tomar um banho para depois almoçar.

LUCIANA:
  - Mas mamãe! Estou com tanta fome... Posso almoçar antes?

MÃE DE LUCIANA:
  - Desculpe filha, mas me aconteceram tantas coisas, que acabei atrasando com o almoço. Você vai ter que esperar...

Luciana olha para o céu e gesticula um
“fazer o quê”...










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